sexta-feira, 11 de abril de 2008

Grito!

E a besta regurgitou o fétido e àcido fel que lhe enchia o bucho.
De joelhos gritou num urro que preencheu tudo desde as entranhas até ao jardim dos anjos e de entre a bruma cinzenta saiu tomando posse do território que lhe fora roubado pelo chefe dos piedosos.
A "quinta" dos falsos justos teria agora um negro predador misturado no seu alvo e tenro rebanho.

A besta tinha sede de sangue e não podia esperar mais para cravar os seus dentes infectos na carne dos cordeiros obedientes...

domingo, 30 de março de 2008

Renascimento


...a besta caminhou, exauriu todas as suas forças e caiu quase inanimado.
O seu corpo era já cadáver mas desfazia-se ainda mais ao roçar a pele inchada pelos espinhos dos arbustos. Um rasto de sangue seguia-o e deixava seco e insano o chão que tingia. A besta arrastava-se morta mas não vencida.

Quando já nem o demo resistia, o seu dedo tocou em algo húmido e num assomo de força ergueu-se e atirou-se confiante ao resto humano que em gotas juntas se unia à sua frente. Chamavam-lhe esgoto mas era para ele o elixir supremo, o santo graal.
Tomou-o, sorveu-o e inundou-se nele como se fosse o que era!
Sobreviveu e ganhou nova força sabendo que tão cedo não teria numa chuva dissolvente algo que lhe desse tanta energia como essa água amaldiçoada...

A besta renasceu!!!


sábado, 22 de março de 2008

Ressurreição


Até que um dia o seu oposto lhe acicatou os quereres, lhe incentivou os engenhos, lhe excitou os desejos mais intensos de poder.
A Criatura ergueu-se e revoltou-se.
Decidiu não permitir a insana posse das mentes fracas pelas promessas vãs de um ente fraco.
A Besta levantou dolorosamente o seu corpo abjecto do monte fétido onde jazia e partiu em busca de novas presas, espumando com a promessa de sentir o cravar dos seus dentes em cada uma delas.
Partiu, num dia de páscoa e entrou pelo fogo no templo sagrado dos fracos de espírito. Derreteu fálicamente em cada círio aos olhos dos miseráveis, escorreu lentamente, conspurcando cada tábua que vedava o seu acesso aos enterrados da vida, deixou marcas que jamais poderiam ser arrancadas.
Começou, ele sim, a sentir-se o dono das almas, o rei das trevas, o senhor do fogo.
Espalhou-se com efeitos epidémicos, lutou, fez sangue ser derramado aos rodos mas em cada vitória sentia um intenso orgasmo percorrer-lhe a espinha e fecundar novos pastos para as suas chamas.
O vício estava instituido e jamais alguma coisa seria capaz de o parar...
O chão ficou então infectado com o esperma da Besta e a terra será para sempre um ventre fértil e fácil para quem detem o poder das almas...

domingo, 9 de março de 2008

Início


E no ínicio a besta era apenas um fluído putrefacto.
Era só um resto, um desperdício, um fio escorrente do lixo podre da escumalha.
No princípio a besta existia dispersa e não representava perigo nem tinha poder...
Até que um dia...